domingo, 25 de novembro de 2012

Profundo azul

Espalho as cinzas de minha saudade, depois da chama arder pela minha dor. Lamento a minha ausência e de todos os dias em que pus a chorar. Lamento também os telefonemas que perdi e que não tive coragem de ligar. Espalho todos os dias um pouco de minha saudade, para que um dia você a encontre por aí.
De vários tons se fez o cinza de minha dor; Conforme a saudade que pulsa a ausência que machuca; Tortura  a voz que suaviza meus ouvidos; maltrata o carinho que não se faz; pulsa sozinho pelas batidas inacabadas de minha dor.
Insuportável é tal sensação! Insuportável não saber o dia que irei ver; se irei ver! Triste realidade do tempo em que nada é explicado ou é acaso. E mesmo que o acaso tenha nos unido, ele nos prega peças a cada lágrima que rola. A ironia do tempo nos fez amigos eternos. Nos fez tornar inesquecíveis as histórias que por hora, só estarão na memória.
Tantas palavras talvez não possam nem expressar ou explicar. A única que se faz completa é a dor da saudade. A saudade que protagoniza a filme que um dia irá acabar. Não sei se leva embora minha saudade, mas deixa o vazio de seus olhos negros e profundo. De seu sorriso tímido e de seus beijos inacabados. Aquele que já foi parte de um sonho, e hoje não passa de uma lembrança.

Adeus saudade, que venha agora minha recompensa. Que eu não precise mais escreve como Clarice Lispector.


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Estátuas

O quão medonho pode ser uma estátua. Quão estranho são seus traços vazios. Traços criados a semelhança de alguém que já se foi ou alguém que nunca existiu. É medonho admitir que estão ali, com seu olhar distante e sem vida. Tão próximas da realidade, mas tão longe da vida como ela verdadeiramente é.
O quão medonho é aquele que se porta como estátua. Que seus traços são vazios. Mesmo de feições tão belas, é dotado de um sorriso mascarado à semelhança da estátua. Estão tão perto da realidade da vida como ela é, que mesmo em um senário de loucos, junta-se ao chão em uma pose sem fim.
O quão estanho pode ser a vida se não houvessem estátuas. Pessoas passariam a ser algo fixo, como aquele ancião pedindo esmolas na rua; Amigos seriam ignorados pelo vício de tentar se inundar em seu mundo virtual; e quem você mais ama ficaria na memória.
Que bom que existem as estátuas, pois como anda o mundo, um dia seria confundida por uma.

Por Karime Pierre

" Nossa dor vem da distância entre aquilo que somos e o que idealizamos ser " Friedrich Nietzsche