quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Versos

Não tenho palavra alguma a dizer. Queria que meus motivos para não ter palavras fossem por algo que valesse a pena. Algo significativo que me deixou boquiaberta, alguma declaração de amor inesperada ou um simples bouquet de flores me tirar as palavras.
Ao invés disso me mantenho afundando sem palavras para gritar ou tirar minha mente do caos. Inundada entre os papéis que tento interpretar e sorrisos que plastifiquei.
Meus olhos brilham sem querer brilhar e em meio a tantos sonhos está cada vez mais fácil me perder em um deles.
Queria piscar os olhos e ver todos os meus problemas resolvidos pela manhã. Não me preocupar com o transito e me manter calma pelo resto do dia. Pronto, pisquei!
Ainda me mantenho sem palavras. Ainda acumulo este vazio insignificante que se tornou mais significante que muita gente por ai.
Pronto, pisquei! A vida continua, um passo de cada vez, cabeça levantada. Ainda terei de interpretar muito papéis e como promessa: não vou tirar meus sorrisos da gaveta.

Por Karime Pierre

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Conversa com as paredes

Um diálogo se fez, ao cenário de loucos,
em que alguém se pôs a discutir com as paredes.
Obteve um sorriso, ou pensou receber um...
Obteve uma resposta, ou, como consolo a criou...

Os abraços eram trocados pela camisa de força
a uma louca em que seu único delírio foi acreditar nas paredes;
e por que não acreditar?
Por que ignorar tal existência, que mesmo na metáfora em que se apresenta,
já foi a paixão em dias em que os delírios não a deixavam louca.

A camisa de força que imobilizava,
a controlava do desespero em que a solidão lhe proporcionou...
As paredes, figuras em que a linguagem conta a história,
são as protagonistas de tantos romances,
que neste era vilão.
Com seu sorriso amargo, ignora a mocinha, a vítima perfeita;
cheia de inocência a ilude e enlouquece
quando o príncipe se comporta como mais uma parede do castelo.

Por Karime Pierre




domingo, 25 de novembro de 2012

Profundo azul

Espalho as cinzas de minha saudade, depois da chama arder pela minha dor. Lamento a minha ausência e de todos os dias em que pus a chorar. Lamento também os telefonemas que perdi e que não tive coragem de ligar. Espalho todos os dias um pouco de minha saudade, para que um dia você a encontre por aí.
De vários tons se fez o cinza de minha dor; Conforme a saudade que pulsa a ausência que machuca; Tortura  a voz que suaviza meus ouvidos; maltrata o carinho que não se faz; pulsa sozinho pelas batidas inacabadas de minha dor.
Insuportável é tal sensação! Insuportável não saber o dia que irei ver; se irei ver! Triste realidade do tempo em que nada é explicado ou é acaso. E mesmo que o acaso tenha nos unido, ele nos prega peças a cada lágrima que rola. A ironia do tempo nos fez amigos eternos. Nos fez tornar inesquecíveis as histórias que por hora, só estarão na memória.
Tantas palavras talvez não possam nem expressar ou explicar. A única que se faz completa é a dor da saudade. A saudade que protagoniza a filme que um dia irá acabar. Não sei se leva embora minha saudade, mas deixa o vazio de seus olhos negros e profundo. De seu sorriso tímido e de seus beijos inacabados. Aquele que já foi parte de um sonho, e hoje não passa de uma lembrança.

Adeus saudade, que venha agora minha recompensa. Que eu não precise mais escreve como Clarice Lispector.


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Estátuas

O quão medonho pode ser uma estátua. Quão estranho são seus traços vazios. Traços criados a semelhança de alguém que já se foi ou alguém que nunca existiu. É medonho admitir que estão ali, com seu olhar distante e sem vida. Tão próximas da realidade, mas tão longe da vida como ela verdadeiramente é.
O quão medonho é aquele que se porta como estátua. Que seus traços são vazios. Mesmo de feições tão belas, é dotado de um sorriso mascarado à semelhança da estátua. Estão tão perto da realidade da vida como ela é, que mesmo em um senário de loucos, junta-se ao chão em uma pose sem fim.
O quão estanho pode ser a vida se não houvessem estátuas. Pessoas passariam a ser algo fixo, como aquele ancião pedindo esmolas na rua; Amigos seriam ignorados pelo vício de tentar se inundar em seu mundo virtual; e quem você mais ama ficaria na memória.
Que bom que existem as estátuas, pois como anda o mundo, um dia seria confundida por uma.

Por Karime Pierre

" Nossa dor vem da distância entre aquilo que somos e o que idealizamos ser " Friedrich Nietzsche

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Para ti

Tudo quanto penso sentir me engana a cada instante.
Minha decisão, agora, não é tirada por horas,
mas pela repentina vontade que me cerca.
Ao acaso, pois gera surpresa... ao inesperado!
Se não dizer ao imprevisível...

Tudo quanto um dia neguei, vem transbordando
com toda a vontade de sentir seu perfume em mim.
Ouvir suas declarações entre os suspiros
e tentar descobrir o que está pensando...
Tentar ler seus olhos e achar em seus traços
sua personalidade.
Sentir nos sussurros o mais profundo sentimento
que nos cerca.

Tudo quando marca, sela
transborda a vontade entre o doce de estar ao seu lado.
Entre nossas calísias, entre sentir seu beijo... 
Juntei tudo, daí se fez meu desejo.
E não há palavra que poça descrever,
não há expressão,
Contanto que de ti não me separes mais. 

Tudo de tão infinito se fez, em sua doçura
e leveza, mantendo-me cada dia mais encantada.
Meus olhos não precisam mais estar fechados,
pois vivo sonhos a cada abraço.
E quando de fato sonho
é por que você é um sonho pra mim!

Por Karime Pierre




Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar...
Fernando Pessoa




domingo, 15 de abril de 2012

Páginas

O passado voltou como páginas de um livro. Correndo por meus olhos como linhas de um romance vivo enquanto conto de fadas. A fantasia voltou transformando meus pesadelos em sonhos, minha frieza em abraços... Confusa realidade desda mistura infinita de saudade com desejo. Onde o desejo não pode existir e a saudade transborda.
Como páginas manchadas com lágrimas tornou-se infinitas as vezes que as passei. Para por minhas lembranças em contato com minha vida real e para que elas tornem meus dias um pouco mais inspiradores.
Contudo, fechar um livro de tantas páginas é encerrar uma história sem um final feliz e sim cômodo. Com sorrisos e suspiros em cada linha e declarações ao pé do ouvido; com pedidos infinitos, amor eterno e palavras nunca mencionadas a mais ninguém.
Sim, estou convencida que é o necessário a fazer.
Sim, estou certa de que...
Bom, um dia já falei isso!

Por Karime Pierre