quarta-feira, 28 de abril de 2010
Se eu pudesse...
Se eu pudesse tocar o céu com minha mão,
também tentaria tocar o fundo do mar.
Se eu pudesse voar até não me lembrar de onde vim,
também tentaria me lembrar para onde iria.
Se eu pudesse saber tudo,
desejaria que tudo que soubesse me ajudasse a não errar mais.
Se eu pudesse manter meus pensamentos sempre em um único rumo,
desejaria que o caminho não tivesse tantas saídas.
Se eu pudesse voltar no tempo,
também tentaria pará-lo.
Se eu pudesse conhecer todos que um dia idealizei,
também tentaria reconhecer aqueles que pouco valorizei.
Se eu pudesse somente escrever,
desejaria mais linhas para aqui permanecer.
Se eu pudesse fazer tudo,
desejaria que tudo não fosse tudo, somente o que fosse tudo pra mim.
Por Karime Pierre
terça-feira, 27 de abril de 2010
O vazio
Aquela foto que tentei guardar na gaveta.
A mesma que estive prestes a deixar em pedaços.
Outras vezes deixei junto de meu peito.
De tantos adeus,
formei tantas despedidas...
Algumas esquecidas
e outras que me puseram a chorar.
Transformando aquelas tais juras
e algumas lágrimas,
em meio a tudo que pensei sentir,
em meio ao que estava prestes a acabar.
Aquele,
que deu forma a meu amor,
cintilando o ar ao nosso redor.
Espantando os ruídos de saudade,
deixando de lado tudo vinha com um abraço.
Coração vazio que vagava o caminho de pedras.
Solitário, com suas mãos suadas,
com seu jeito de amar.
Cabisbaixo... Choroso...
Ainda sentindo o que um dia já foi amor
e agora é dor.
Por Karime Pierre
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Criando
Hoje pensei fazer algo diferente...
Algo que me abrisse um sorriso largo,
afinal,
ninguém se mantém somente com lágrimas.
Resolvi deixar enlouquecer.
Deixar os rabiscos com outro tom.
Transformar aquela noite sem lua,
em uma noite mais agradável.
Peguei um expresso para meus pensamentos
tentei colocar tudo que pensara no papel.
A madrugada se aproximava,
mas ainda sentia a presença de alguns amigos.
Resolvi deixar a inspiração vir.
Deixei minha criatividade ultrapassar limites...
Até tentei entendê-la melhor depois,
mas viajar por ela era mais divertido.
Entrei na magia de um conto.
Descrevi cada cena...
Milimetricamente detalhado e revisado.
Nas primeiras linhas a noite
também era protagonista.
Criei alguns personagens...
Tão incomuns e loucos,
que até ri... Isso mesmo, eu ri.
Apesar de acabar de escrever uma morte terrível.
Passaram-se alguns minutos
e notei que no canto da folha escorria um pouco de sangue.
Só percebi porque tocou minha mão direita quando escrevia:
E seu sangue tomou o chão e rodeou seu corpo moribundo.
Sim, era um conto de terror.
Adorava imaginar as cenas,
os vilões perseguindo suas vítimas
e no final, por sorte e inteligência
o bem consegui acabar com tudo compondo
um belo término.
Tentei de diversas formas acabar de um modo feliz,
para finalmente ter meu sorriso largo,
mas não me contive...
Antes coloquei uma mocinha chorando
e um vilão preso (na verdade ele se tornara bonzinho).
Assim as últimas linhas seriam alegres,
acabando tudo com um lindo passeio no campo.
Cercado por aquele cheiro delicioso das folhas e flores.
Um casal de mãos dadas, o sol perfeito....
Mas tudo começou em um conto de terror.
Por Karime Pierre
sábado, 17 de abril de 2010
Sons
Ouvi gritos ao longe...
em alguns momentos os sentia em meus ouvidos,
outros eles se perdiam, perdiam...
Sumiu!
O ambiente,
inundado por incertezas
ganhou outro tom,
quando tomando pra ele,
o silêncio se formou.
Ouvi sussurros agora...
Me tranquilizando...
Me deixando calma...
até...
Segundos tomados para novamente
deixar tudo em pedaços.
Trazendo a impotência,
deixando as palavras somente para os livros.
Misturando-se a loucura...
Aqueles momentos insanos,
que me levavam ao desespero.
Desesperada...
preste a me entregar a solidão,
a pior companhia!
Aquela adversária,
que deixa nossas pernas trêmulas.
Unhas ruídas,
cabelos sendo enrolados...
fitava o nada procurando alguma resposta,
alguma saída
em meio a louca sensação
de estar só.
Pausa!
Não ouvia-se mais som algum.
Surgindo o silêncio perpétuo,
cheio de incertezas,
ainda mais medonhas...
Tomando para si esperanças,
fazendo que eu tome a frente
e grite desta vez.
Por Karime Pierre
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Pausa
Ontem...
Houve uma pausa.
Me perdi em pensamentos.
Meus lábios secaram....
Senti minhas mãos suadas...
Respirei fundo...
Outra pausa!
Vivi meus sonhos,
sonhei novamente
e relembrei aqueles que já passaram...
Houve uma pausa seguida de um sorriso tímido.
Olhei o céu
e pensei te encontrar nele.
Só pensei.
Porém, ao olhar o mar,
te materializei...
E você, realmente estava lá?
Olhei outra vez o céu,
segurando a vontade
e contendo minha insistência,
te encontrei perdido entre as nuvens.
E você, realmente estava lá?
Quem sabe um dia...
O vento tocou meu rosto.
Para encontrar novamente teus olhos,
como naquele dia que me fez apaixonar.
Outra pausa...
O coração batia acelerado.
Ouviu-se passos...
Olhei para trás...
Por Karime Pierre
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Em cacos
Joguei conversas no ventilador
tentando tirar de minhas palavras
o ódio.
Joguei tudo ao vento
deixando cair sobre mim
para não cair sobre você.
Tentei limpar tudo que me envolvia
Tentei rasgar tudo que me fazia lembrar
Tentei matar de dentro de mim,
mas só fiz se rebelar os pedaços desta história.
Aos cantos
juntei juras
que se entrelaçavam com pedaços de meu adeus.
Juntei também tudo que achara de meu amor
e o que os poetas me ensinaram sobre ele.
Transformei meu refúgio
em pesadelo,
quando trouxe o que atormentava
ao seu antigo lugar.
Agora, recolho cacos
para tentar recomeçar.
Por Karime Pierre
www.twitter.com/kakah_kakah
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Meia noite e trinta e dois
Vivemos o presente,
sonhamos com o futuro
e tentamos enterrar algumas partes de nosso passado.
Hoje parei no início da madrugada
para compor esta trilha sonora.
Pensei em tantas palavras,
tantos modos de não expor minha ironia.
Mas aquela madrugada era cômica.
Olhava pela janela
e parecia que podia desenhar nas estrelas.
Olhei certos retratos
e jurei que estavam se mexendo.
Pensei estar em um sonho,
mas vi que estava a beira de dormir em pé.
Não delirando
sim estava escrevendo sem parar.
Compus mais linhas de um livro de fantasia.
Pisquei e o presente mudou.
Hoje, esta madrugada,
é meu novo presente.
Amanhã será meu futuro
que depois também será
presente e passado.
Por Karime Pierre
www.twitter.com/kakah_kakah
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